Cientistas e pesquisadores criticam venda de áreas dos institutos de pesquisa e PLC 9
Audiência pública realizada nesta quarta-feira, 14/5, reuniu na Assembleia Legislativa de São Paulo mais de 300 pesquisadores científicos que denunciaram a desestruturação da carreira e se posicionara...

Audiência pública realizada nesta quarta-feira, 14/5, reuniu na Assembleia Legislativa de São Paulo mais de 300 pesquisadores científicos que denunciaram a desestruturação da carreira e se posicionaram contra os ataques que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) faz à ciência, ao colocar à venda 35 áreas verdes pertencentes a institutos de pesquisas e situadas diferentes municípios do interior de São Paulo.
O encontro foi promovido pela deputada Beth Sahão (PT), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas e dos Institutos de Pesquisa, que condenou a venda de áreas dos institutos que estão inseridas nas áreas urbanas das cidades e têm papel importante na preservação ambiental, climáticos e drenagem. Beth também apresentou dados do próprio governo de São Paulo que mostram um superávit de R$ 25 bilhões nas contas públicas, em 2024, o que não justifica o arrocho salarial imposto aos servidores públicos em geral e aos pesquisadores cientistas, em especial, que estão sendo negativamente atingidos por um projeto do governador que desestrutura a carreira.
O ataque do governador coloca em risco a capacidade do Estado de São Paulo de continuar contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico nas mais diferentes esferas do cotidiano. Em razão disso, segundo informou Beth Sahão, moradores das cidades que sediam os institutos estão indignados com a proposta do governador de vender as áreas que abrigam o saber.
Ataque ao conhecimento
Na avaliação do deputado Donato, líder da Federação PT/PcdoB/PV, Tarcísio de Freitas está atacando não só os institutos de pesquisa, mas também as universidades e a produção de conhecimento em diferentes áreas da agricultura, que aprimora a qualidade de produtos como uva e alcachofra, e combate doenças e pragas.
Para Donato, é fundamental que os pesquisadores busquem dialogar com as lideranças das cidades e das regiões que abrigam as unidades de pesquisas e abordem os deputados da base governistas. ”É preciso mostrar a importância do trabalho de vocês e incomodar, no território deles, para avançar. O governador já recuou diante de críticas e resistências da sociedade”, considerou o parlamentar.
Presente à audiência, o vereador Gustavo Petta (do PCdoB), de Campinas informou que a venda de parte da área do o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) está sendo apresentada sob o argumento de uma “otimização patrimonial”, mas, na prática, é tentativa de desmonte da infraestrutura centenária de pesquisa agropecuária e ambiental construída com recursos públicos.
PLC 9
Já a presidenta da Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Helena Dutra Lutgens, discorreu a respeito da falta de diálogo e negociação com a categoria que foi pega de surpresa com o envio para a Assembleia Legislativa do Projeto de Lei Complementar 9/2025, que institui a carreira de pesquisador científico. “Esta proposta ignora o papel estratégico das instituições públicas de pesquisa no desenvolvimento econômico, na produção tecnológica e na elaboração de políticas públicas baseadas na ciência. Se aprovado, o projeto significará o fechamento das instituições, em vista da precarização da produção científica que tornará inviável a formação de novas gerações de pesquisadores”, denunciou”, denunciou Helena Lutgens.
Edição: Marisilda Silva
Foto: Alesp/Larissa Navarro.
